segunda-feira, 28 de julho de 2008

O dia em que eu peguei trauma do Jd. Pery Alto e da Av. Pompéia

Evito, de todas as formas ir para o ponto de ônibus onde o Jd. Pery Alto parte, as 18h00. Porém, é inevitável que eu não veja ele fazendo a curva indo para a av. Pompéia.
Evito, de todas as formas passar por perto das redondezas de Perdizes, evito a PUC, evito os bares do bairro, evito olhar pras pessoas que moram lá.
Evito, de todas as formas pensar em ir pra praia, por mais que eu queira. Evito até em fumar maconha, porque o cheiro me lembra você. Até isso eu ando evitando.
Evito pensar no teu cabelo encaracolado, na tua risada, na tua Giannini no teu chinelo marrom, na sua calça surrada de moletom, na sua camiseta branca, na sua cama, no seu cobertor azul cheio de fios de cabelo.

Mas já passou.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Cokk.

- Você acha mesquinhez que eu não insinue sacanagem com você?

- Nao. Acho a preguiça um ato meio mesquinho.

-E se eu fosse um genocida que, momentaneamente, tivesse preguiça de dizimar 10 mil pessoas?

-Você estaria sendo mesquinho ainda sim.

-Realmente, tá disposta a tudo...

-Sempre! Tudo não...porque gosto de manter minha integridade, minha moral, e meus bons costumes.

-Eu gosto de ser enganado feito um rim no mercado negro.

-E por que esta sendo enganado?

-Você se importa tanto com tudo o que disse acima quanto um cinzeiro

-É mentira! Você está sendo injusto...porque quem parece ser indiferente sempre, é você.

-Em alguns lugares que frequento sou chamado de brubru justiça

-Eu nao frequento os mesmo lugares que você...

-Você está desnorteada, precisa de amparo e carícias. conheço quem cobre pouco por tudo isso...

-Não, não preciso nem de amaparo, nem de carícias, e muito menos alguem que se submeta a ser comprado. O senhor está sendo um escroto.

-Nunca será a minha intenção.

-Pois em algum momento, foi.

-Se fui, fui por acidente. você pode me perdoar agora, já?

-Posso. Perdoar sempre é um ato tolo, perdoar algumas vezes é ser sagaz.

-Por que tá tão ouriçada, carrancuda?

-Ora ouriçada, nunca carrancuda....

-Eu não vou supor o óbvio...

-Suponha, as vezes pode parecer ridículo, porém é meio necessário.

- a. briga com o namorado / b. tempo do namorado / c. término com o namorado

- Sim, foi a letra c mas estou bem, muito bem assim

- Nota-se...

-Mas é, acredite ou não.

-Eu acredito, acredite.

-Acredito então.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Cortes, arranhões e mijo de cachorro.




Caminhei até a praça ao lado. O caminho era simples; abrir a porta, apertar um botão, abrir uma enorme porta pesada de vidro, descer alguns lances de escada e abrir outra porta, dessa vez pequena porém também pesada. Engraçado como algumas coisas, de diferentes tamanhos, materiais, tem o mesmo peso. Engraçado....não, isso na verdade não tem graça alguma, é apenas uma óbvia observação.
Que seja, fui até a praça. Que não era nem de vidro, nem enorme, e nem pesada. Era uma praça simples, comum. Digo, comum para os outros. Pra mim não. Eu conheço aquela praça como a palma da minha mão. Assim como as cicatrizes que ela provocou. Sei de onde cada arranhão, corte, tampão do joelho arrancado saíram. Lembro de todos os lugares dessa praça onde eu caí.
Chegando, percebi algo errado. Já sei. Não demorei muito para perceber, haviam cortado sua grama. Nunca cortavam a grama. Sempre deixavam ela enorme, impossibilitando que eu corresse, facilitando meus tombos, arranhões e ralados.
Sentei em um dos seus bancos de concreto. Estavam gelados, úmidos com algumas folhas em cima. Formigas, pequeninas formigas. Diabos, odeio formigas. Formigas são repugnantes. Elas vão até nossos banheiros comer nossa pele morta que cai durante o banho. Enfim, sentada no banco consegui observar algumas coisas que não conseguia tempos atrás. Por exemplo, como o brinquedo que eu costumava escorregar é pequeno. Antigamente ele era enorme, gigantesco, monstruoso, morria de medo de subir e escorregar. Hoje não. É apenas um brinquedo de arquitetura bizarra feito de concreto, todo descascado. Sim, pintavam ele quase todo mês.
Não existem mais crianças na minha rua. Não pintam mais o brinquedo feio. Não deixam mais a grama alta pras crianças caírem. Não tem ninguém pulando corda, ou brincando de esconde-esconde. Hoje em dia só tem bosta de cachorro por todo lado, poças e mais poças de mijo, e alguns donos com seus cães emporcalhando mais ainda a praça.
Depois de alguns minutos sentadas comecei a ficar inqueita. Eu tinha algo pra fazer mas não conseguia lembrar. Pois bem, lembrei após uns segundos.
Precisava buscar meus cachorros para mijarem.